O Amazofuturismo não é sobre pessoas, é sobre Vida.
A forma como o indígena brasileiro enxerga o mundo é diferente daquela vista em outros povos. Na maior parte das vezes, estamos acostumados a acreditar que o ser humano é o centro de tudo e, além de ser centro, está destacado do todo, como se fosse algo criado separadamente.
Na visão indígena, o ser humano não é o centro, mas parte de um complexo sistema no qual a vida ultrapassa os limites conhecidos. Assim, as plantas, os animais, e mesmo os microrganismos ganham papel importante e indispensável no ecossistema. Árvores, onças e mesmo pedras e lagos ganham consciência. Logo, sua importância deixa de ser puramente a de “recurso natural”, e passa a ocupar a mesma posição humana no altar da existência.
Quando dizemos que o amazofuturtismo é um conceito estético dentro da ficção científica, é disso que estamos falando. Porque a estética envolve imagens que têm um simbolismo, e esse simbolismo transmite uma mensagem, fala de culturas, de saberes, de povos, de biomas e de vidas. De todas as vidas. Este é o jeito indígena de pensar o amazofuturismo.
Quando alguém diz que o amazofuturismo é sobre as pessoas que vivem na Amazônia Legal, a arte sofre um reducionismo primário, caindo em estereótipos tipicamente não indígenas, desvirtuando a cultura dos povos originários da floresta e se entregando ao antropocentrismo, que é uma maneira tipicamente ocidental e eurocêntrica de pensar o mundo.
E foi com base no modelo indígena de pensar que eu escrevi o conto Amazônia Viva, publicado no final de 2021. Nele, não há personagens humanos. Todo o protagonismo é dado à Grande Consciência Verde, que é o conjunto de toda a vida vegetal que recobre milhares de quilômetros quadrados, e que chamamos de selva amazônica. O conjunto de seres conectados pelas raízes e pela rede de fungos no solo. Ao se reconhecer ameaçada pelos seres bípedes que rapidamente avançam e devastam a vida, a Consciência procura meios de evoluir para escapar. E ela descobre que a única forma de sobreviver à chegada daquela espécie destruidora é lançar suas sementes para o espaço, em busca de novos mundos onde possa sobreviver.
Amazônia Viva é um conto de ficção científica amazofuturista que demonstra que o ser humano não é o único ser pensante capaz de usar a Ciência em benefício de si mesmo. Em sua essência, usando conceitos da cosmologia indígena e da ciência moderna, este conto comprova que o protagonista não precisa ser uma pessoa.
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