Entrevista Duda Rodrigues
Duda Rodrigues cresceu subindo árvores no Rio de Janeiro, assim o mundo natural se tornou parte indissociável de sua escrita. Desde a infância é curiosa e observadora, sempre na tentativa de compreender os peculiares detalhes da vida, enxergando em sua criatividade sua melhor qualidade. Se formou bióloga e trabalha como professora ambiental na educação infantil. Escreve a partir do vivido, reinterpretando a realidade. Claro, sempre com um pouco de café. Adora leituras que são de “tudo um pouco”, passeios ao ar livre e reflexões constantes sobre o que é, afinal, existir.
Ela escreveu o conto Sistema Amary, publicado na segunda edição da revista brasileira de fantasia e ficção científica Tricerata, de dezembro de 2020. Para quem estuda e entende de amazofuturismo, este conto da Duda é a primeira expressão do novo subgênero amazofuturista escrita no mundo, ou seja, o amazofuturismo escrito começou com ele. Veja aqui a lista de livros amazofuturistas.
A seguir, vamos conhecer mais do trabalho da autora nesta pequena entrevista.
Como você define seu estilo literário?
Acredito que minha escrita tenha como base fundamental o mundo natural. Uma narrativa que tenta sempre costurar esse pertencimento humano a natureza, e não separá-lo. E certamente, sempre bastante reflexiva, as vezes até fugindo de uma construção de frases clara, algo que fico sempre atenta para não ficar confuso rs.
Fale um pouco dos seus livros.
Meu primeiro livro publicado é o “Alice no mundo de Sonhos”, uma narrativa infantojuvenil que acompanha a protagonista Alice, uma criança de 8 anos, por uma aventura surpreendente. Alice mergulha em um universo novo, que descobre não ser tão desconhecido assim, para resolver questões desse e do seu próprio mundo. O enredo carrega muitas referências a fauna e flora brasileiras, e caminha por temas como autoconhecimento e questões familiares. Uma mistura de fantasia e realidade fluida e leve.
Meu segundo livro publicado é o “Plantas Mágicas e suas histórias”. Nele a ideia é reunir 40 contos inspirados em plantas reais contextualizando em um universo bruxo. Com uma narradora personagem conduzindo a história o leitor conhece a origem, usos, funções e existência de várias espécies mágicas do Brasil e do mundo! Mais uma vez uma mistura de fantasia e realidade para aproximar nossa relação com a natureza. Um livro para todas as idades.
De onde veio a inspiração para escrever o Sistema Amary?
Durante a pandemia era comum eu passar horas na minha varanda lendo, pintando, ou apenas observando a rua. Bem em frente à minha casa existia uma amoreira, iluminada por cima por um poste de luz alaranjada. As folhas da amoreira são de um tom de verde bem claro, e bastante delgadas. A iluminação atravessando-as durante a noite dava um ar misterioso e artificial para a árvore. Depois de muito chamar atenção dos meus olhos e instigar minha curiosidade, acabei criando uma história inspirada nessa imagem cotidiana.
Qual a sua relação com o amazofuturismo?
Conheci a temática “amazofuturismo” com a chamada para o concurso de contos da revista Tricerata. Sou bióloga de formação e tudo relacionando literatura e meio ambiente me empolga. Achei a perspectiva de escrever algo nessa linha interessante e pensei que “Sistema Amary” se enquadraria perfeitamente. Acho que é uma linha literária com bastante potencial, que une meio ambiente, cultura, perspectiva de futuro… uma riqueza a ser discutida e narrada, apesar de também com expectativas possivelmente assustadoras pensando em como anda a exploração ambiental. Esse encontro com a temática inclusive me inspirou a criar uma outra história. Porém, uma mais longa, que acredito que irá demorar ainda para ficar pronta.
Tem novos projetos literários em andamento?
Sim!! Minhas ideias estão sempre ativas. Não tenho a constância da escrita que gostaria, ainda estou me disciplinando como escritora rs. Mas as ideias e possibilidades são algo inevitável, então tenho ao menos 4 projetos sendo desenvolvidos gradualmente em paralelo uns aos outros.
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