Sendo o amazofuturismo um gênero da ficção científica que explora a estética do Bioma Amazônico, unindo os povos indígenas a tecnologias e conceitos futuristas, a ideia de um suposto regionalismo cai por terra.
Existem algumas razões para isso. A principal delas é que o amazofuturismo precisa de definições claras e delimitadas para se consolidar enquanto gênero artístico, especialmente na literatura de ficção científica. Se o amazofuturismo fosse uma ficção científica focada em artistas, personagens e culturas da Região Norte, ele se perderia imediatamente em um limbo, uma miscelânea de gêneros, indo da fantasia ao folclore, da ficção científica soft à hard, das distopias à descrição do cotidiano. Em outras palavras, a principal causa para que o amazofuturismo não seja considerado um regionalismo é que regionalismos são muito amplos e culturalmente diversos, impedindo a própria identificação do amazofuturismo enquanto novo gênero da ficção. Portanto, para evitar o apagamento indígena cultural, consideramos o amazofuturismo um movimento cultural focado nos povos indígenas amazônicos.
A segunda razão para que o amazofuturismo não seja um regionalismo se baseia na visão de mundo dos povos indígenas do Bioma Amazônico. As regiões do Brasil não foram criadas pelos indígenas, e sim pelos colonizadores que invadiram as terras indígenas. Do ponto de vista dos indígenas amazônicos – que são o foco do amazofuturismo –, essas regiões foram impostas a eles, e as fronteiras fictícias que dividiram suas terras, suas florestas e lares não passam de uma criação dos povos que invadiram este continente.
Portanto, reduzir o amazofuturismo à condição de movimento artístico regionalista é negar a própria existência do amazofuturismo.